Células-tronco Embrionárias Começam a ser Testadas em Humanos
A Geron Corporation e a Universidade da Califórnia receberam ontem - 30.07.10 - autorização para o primeiro teste em seres humanos com a utilização de células-tronco embrionárias.
A Geron desenvolveu o método conhecido como GRNOPC1, que contém células vivas que ajudam a restaurar fibras nervosas e mielina, uma bainha protetora dos nervos do sistema nervoso central. O reparo dos nervos poderá levar à restauração da função sensorial ou ao uso das extremidades. A experiência testará células desenvolvidas pela Empresa e pela Universidade em pacientes com lesões na medula espinhal.
O estudo vai avaliar ainda a segurança do uso de células-tronco embrionárias em oito a dez pacientes com severas e recentes lesões de medula espinhal.
A experiência também medirá a eficiência da droga, que, até agora, só passou por testes em animais. A Geron está testando atualmente a terapia em animais para determinar seu potencial em doenças do sistema nervoso, como o mal de Azheimer, escleriose múltipla e a doença de Canavan, uma desordem neurológica fatal.
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À procura de elos perdidos.
O ensaio foi inicialmente marcado para janeiro do ano passado, mas, antes do início do estudo, a agência adiou os trabalhos por ter descoberto cistos em alguns camundongos que receberam as células. A Geron teve que fazer outro estudo com roedores e desenvolver outras maneiras de checar a pureza das células injetadas.
As células-tronco embrionárias podem assumir o formato de qualquer outra célula do corpo humano. O objetivo da comunidade científica é usar o material no tratamento de um amplo leque de doenças, usando-o em substituição a tecidos lesionados.
Por sua criação requerer a destruição de embriões humanos, a utilização dessas células, no entanto, causam controvérsia na Igreja que, pasmem, as considera seres vivos. A Igreja deveria – desde sempre, e não apenas agora com a acentuada fuga de fiéis – ter a mesma preocupação com os seres realmente vivos, como as crianças de 8 a 12 anos que são abusadas sexualmente em todo o mundo por membros do clero.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em 29.05.08 que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida, tampouco a dignidade da pessoa humana.
O ministro Carlos Britto, relator da Lei de Biossegurança – como ficou conhecida - como um “perfeito” e “bem concatenado bloco normativo”. Sustentou a tese de que, para existir vida humana, é preciso que o embrião tenha sido implantado no útero humano. Segundo ele, tem que haver a participação ativa da futura mãe. No seu entender, o zigoto (embrião em estágio inicial) é a primeira fase do embrião humano, a célula-ovo ou célula-mãe, mas representa uma realidade distinta da pessoa natural, porque ainda não tem cérebro formado.
A Geron ajudou a financiar o isolamento das primeiras células-tronco embrionárias humanas, realizado pela Universidade de Wiscosin no fim dos anos 90. A corporação, portanto, mantém certos direitos de patente no uso dessas células.